terça-feira, 18 de outubro de 2016

A sociedade do espectáculo em teoria, mostram de modo contundente como os meios de comunicação fabricam fetiches e notícias, deformam os factos e trabalham seguindo o ditame do mercado capitalista.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sempre ouvi dizer que a linguagem no futebol é universal, mas na altura de soltar a língua convém saber o universo em que mordemos. O convívio, o fair play, o companheirismo, a boa educação, o respeito, tudo isso é muito bonitinho e o António gosta. A verdade é que jogo sem uma ou outra picardia, um ou outro insulto, deixa de ser futebol. É um passeio no parque, um piquenique no campo ou apenas desporto, para isso vou ao ginásio ou correr junto ao Douro, que até queima mais calorias e faz melhor ao coração.

O futebol tem outro tempo, a bola é redonda e o redondo é irracional, como o corpo de uma mulher. Não há arestas onde nos possamos agarrar. Perdão, entusiasmei-me. São desnecessárias picardias em todos as partidas, como é óbvio. Há as que se querem descontraídas – especialmente na Primavera e no Verão – mas o futebol é, sobretudo, uma safra de Inverno. É preciso semear para colher. Jogando simples (estou numa fase algo trapalhona, demoro uma eternidade a abrir o jogo): há momentos em que é preciso aquecer o ambiente, acirrar os ânimos, espicaçar o povo, lembrar a certas alminhas mais vagarosas, pachorrentas, de bem com a vida, por certo, que, mesmo a feijões, o objectivo maior destes 60 minutos semanais é ganhar. Repito, agora mais alto, para quem não ouviu: GANHAR.

É aí que o caldo entorna. Especialmente com os colegas de equipa. As faltas, os penáltis, a omnipresente pergunta “quanto é que está o jogo, afinal?”, serão motivo de eterna discórdia entre adversários, mas quem por cá anda sabe que o verdadeiro jogador de fim-de-semana discute acima de tudo com o colega de equipa. Se este for nosso amigo, o mais amigo possível, se possível amigo de infância, tanto melhor.

Na hora do insulto a antiguidade é um posto. Um descanso.

Porque o amigo recente quando é ofendido dificilmente retalia. Mas fica magoado. Porque o amigo de longa data discute e depois perdoa-nos. Mas fica sentido. Porque insultar um desconhecido pode dar confusão à séria, nunca se sabe. Com o amigo de infância é diferente. O amigo de infância insulta e é insultado, mas nunca se chateia. Porque andou connosco na escola, porque tocou nas mesmas campainhas que nós, porque roubou a mesma fruta, porque viu os mesmos filmes pornográficos, porque brincou aos médicos com a nossa irmã. E nós com a dele. O amigo de infância, suspira, e diz apenas: “fooooda-se, és sempre a mesma merda”.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

Dicionário de futebol amador, 1º volume


(direitos de autor protegidos pelo nosso advogado que de leis não percebe um caralho mas é menino para vos abrir um sobrolho com a testa)
Caceteiro - Apareceu de caneleiras e equipamento do Corinthians circa 2003. É um colega de faculdade do Zé que, segundo ele, “já foi federado e costuma jogar em Telheiras". A partir daqui literalmente tudo é possível. Ficam alguns nomes de seres humanos que já foram ou ainda são federados: Fábio Paim, Freddy Adu, Cristiano Ronaldo, o filho do Renato Sanches, Dani, Pedro Barbosa, José Mourinho, Karadas, Binya e Fernando Aguiar. 3 em cada 10 vezes, manda o destino que o atleta federado seja basicamente um distribuidor de fruta com mais credenciais que o MARL. Trouxesses caneleiras, olhó caralho.
Cabrito - Tipo de finta ligeiramente insultuosa que consiste em fazer o esférico passar por cima do adversário, numa metáfora perfeita da sodomização se realizada num campo de futebol. O grau de tolerância do jogador humilhado depende da existência de um grau de parentesco directo ou de uma amizade de longa. Seja como for, vai levar uma assim que apanhares o cabrão a jeito.
Cueca - Finta algo datada, ligeiramente menos insultuosa mas mais fácil de executar, ao ponto de 77% dos jogadores em campo acharem que há mais pernas abertas no campo do que em algumas discotecas lisboetas. Quando acontece, é celebrada como se de um golo se tratasse, nomeadamente pelo autor, que reagirá com alguma sobriedade (se quiser dar uma de médio que trabalha para o colectivo) ou um sorriso rasgado (porque sente que já valeu a pena sair de casa nessa noite).
Fução - Ao contrário do fintinhas, muitos fuções não primam pela habilidade, mas pela resiliência com que fodem o jogo a todos os presentes. Elaboram a mesma finta vezes sem conta, como se fossem o Robben e os seus adversários todas as defesas dos últimos 15 anos. Quando a finta resulta, rematam por cima, já em esforço. Quando a finta não resulta, deixam-se ficar e decidem esperar pela bola como pelo próximo comboio. O seu trabalho está feito.
"Epá, desculpa! O piso estava molhado!" - Não estava e não foi por isso que tu me acertaste com os pitons, ó caralhete. Já agora: pitons de aço num relvado artificial? Vieste jogar râguebi, ó Lomu dos atrasados mentais? Genial. Este espécime, que não é habitué dos relvados, tem um historial de lesões infligidas em partidas amigáveis superior ao Binya nos treinos do Benfica. Nunca faz de propósito e reage sempre com algum espanto, como se tivesse acabado de descobrir que tem um problema de coordenação motora. Mas não, é só mesmo um idiota que já devia ter cadastro.
Fintinhas - Um canivete suíço incapaz de abrir uma lata de atum. Acerta 1 ou 2 revendas nos primeiros minutos e os colegas de equipa regozijam na esperança de, por uma vez na vida, terem ficado na equipa mais forte. Os minutos passam e alguns dos colegas questionam-se se estarão na gravação de um daqueles filmes da Nike. Mas ninguém encontra as câmaras e já lá vão 4 golos seguidos sem motivo aparente. Fitinhas será em breve substituído pelo último gajo a chegar ao campo, mesmo que não tenha feito um unico sprint.
“Aviso já que não sou grande coisa à baliza” - Frase proferida por algum gajo que nunca tinha aparecido no sintético, na esperança de não começar à baliza. Um misto de inaptidão e revanchismo levará este indivíduo a fazer o mínimo esforço possível para defender um remate que seja. Pior: o indivíduo também não joga nada à frente alguém cometeu o erro de dizer que o guarda-redes muda de 5 em 5 minutos. Passaram no máximo três, mas a equipa já levou tantos que opta por colocar este índivíduo noutra posição em que faça menos estragos, assumindo que irá jogar em inferioridade numérica nos 40 minutos que faltam para terminar o aluguer do campo.
Gordo - Dependendo da idade, o gordo poderá ser o guarda-redes mediano que não sabíamos que tínhamos na equipa, ou uma agradável surpresa. Se for um gordo mais novo, vulgo gordinho, não joga um caralho mas ainda tem pulmões. É aproveitar enquanto cá estamos. Há alguns avançados em equipas de rugby que parecem saídos do Peso Pesado e ainda assim marcam mais golos do que ensaios. Se for um gordo mais velho, tanto pode ser um tio que ainda não decidiu dedicar-se ao padel como um dos segredos mais bem guardados do mundo futebolístico. Porquê? Porque o gordo é quase sempre subestimado e, quando lhe oferecem uma nesga, faz magia. Uma nesga ou donuts.
“Temos que marcar à zona!” - Uma das coisas mais bonitas do futebol amador é que todos podemos sonhar ser craques e perseguir essa ambição durante aquela hora, hora e meia, antes de irmos lavar os tomates com um sentimento de dever cumprido. Por outro lado, uma das coisas mais incómodas do futebol amador é que há sempre um ou mais gajos que assumem desde logo o comando técnico da equipa e vão agir como se fossem líderes do grupo. Falam em marcar à zona como se alguém soubesse sequer fazer uma marcação, descrevem aquilo que deveríamos fazer em campo sem serem eles próprios capazes de o repetir, e ainda chegam cá fora, já de banho tomado, prontíssimos para perorar sobre o que foi ou não foi, o que devia ou não devia ter sido. Quando exageram, arriscam-se a sofrer a pior das chicotadas psicológicas: não voltam a ser convidados para jogar.
“Roda a bola” - Talvez a maior ilusão de um futebolista amador. Modelo táctico que implica a circulação da bola de forma inconsequente, mas estilisticamente próxima de como é praticada a modalidade. Resulta geralmente em 12 segundos de passes consecutivos que aparentam a existência de uma ideia de jogo inspirada por uma jogada entre Ricardinho, Pedro Cary, Cardinal e Falcão, só que ninguém mexeu a peida e afinal mais parece uma partida de andebol jogada por invisuais. Seguir-se-ão as habituais averiguações para decretar o culpado de mais um golo sofrido. A taxa de sucesso deste modelo de jogo aumenta à medida que o fim do aluguer do campo se aproxima. A melhor jogada do ano será interrompida pelo cabrão do velhote que apitou porque chegaram 3 gajos do jogo seguinte que querem ensaiar trivelas à trave.
“Vai buscar jogo” - Eufemismo técnico-táctico para “vê lá se defendes, foda-se”. Dito assim, parece que o destinatário da mensagem se esqueceu do jogo lá atrás, mas não: este indivíduo está-se positivamente a cagar e apenas lhe interessa ficar à mama até fazer um poker. Já no balneário, enquanto lava o escroto, dirá entre gargalhadas que se todos jogassem como ele a equipa não teria levado 13-4. Tem a seu favor o facto de quase nunca se baldar, o que faz com que a sua presença em campo seja tolerada.
Um-dois - Vulgo tabelinha. Sempre que é descrito como um-dois ganha uma aura inexplicável de jogada tecnicamente evoluída que, na verdade, não é. Passa-se habitualmente assim:
a) dois indivíduos que ainda não fixaram o nome um do outro mas procuram aquele entrosamento mágico de quem nunca tinha jogado na mesma equipa a um sábado de manhã, mesmo tendo um gajo isolado a pedir a bola há 10 segundos;
b) os falsos predestinados: estes agem como se estivessem a viver um alinhamento cósmico qualquer estilo Messi e Neymar no mesmo terreno de jogo
c) os Harlem Globetrotters: aqueles dois gajos federados, titulares nos júniores do Bairro do Livramento ou o caralho, que alguém se lembrou de convidar e, pior, colocar na mesma equipa! Isto apesar de o adversário ser maioritariamente composto pelo equivalente futebolístico de uma foca não amestrada.
Lateraliza - Termo excessivamente técnico popularizado por algum intelectual da bola que achou adequado descrever um passe para o lado como se estivesse a apresentar uma nova corrente filosófica. O mesmo gajo que inventou a expressão acabou de lateralizar e colocou o esférico nos pés do pior jogador da equipa adversária, que, desafiando todas as probabilidades, irá marcar golo.
"Eu vou contigo às urgências" - Um dos maiores problemas logísticos do futebol moderno. Fulano leva uma sapatada de sicrano quando fazia um slalom rumo à baliza. É violentamente abalroado pelo tal indivíduo com problemas de coordenação motora e parece ter partido a cana do nariz. Aos poucos, todos percebem que vai ser preciso alguém ir com ele ao hospital. A disponibilidade dos amigões, que antes parecia estar à distância de um clique num evento de Facebook, começa a ser posta em causa. Surgem as primeiras desistências. Os dois gajos que vivem nos Olivais já saíram de fininho num carro eléctrico. Algumas pessoas alegam ter coisas para fazer nessa noite apesar de isso não as ter impedido de jogar futebol numa terça-feira às dez da noite. Esta sucessão de baldas conduz os presentes a um imperativo moral: por exclusão de partes, o responsável pela cana do nariz aparentemente partida prepara-se para pegar no carro de um gajo que não conhece de lado nenhum e vai levá-lo ao S. Francisco Xavier, onde aguardarão um par de horas junto a uma família cigana que irá ameaçar por 4 vezes invadir a ala de urgências. Afinal o nariz não está partido. Além disso, estas duas pessoas casadas pelo destino descobriram que a única coisa que têm em comum é o facto de gostarem de jogar futebol a uma terça-feira às dez da noite. No dia seguinte, fulano irá chegar ao local de trabalho e terá que convencer os colegas de que não levou no focinho. Espera-lhe um dia longo.
Chuta! - Palavra de apoio ao pior jogador em campo, no exacto momento em que este poderia fulminar as redes adversárias. Tem o duplo condão de motivar o jogador e enervá-lo ao ponto de a) não acertar sequer na bola b) efectuar um remate frouxo que até a nossa avó segurava c) ser um coninhas que não gosta que gritem quando ele tem a bola, mas olha, aqui tás bem fodido.
O “chuta!” costuma ser antecedido de um “Bem! É isso!” (recuperação de bola altamente improvável), um frenético “Vai, vai vai!” (segue isolado pelo nosso amigo que veio jogar de ressaca e desistiu do lance). Costuma terminar com algumas palavras de reforço positivo estilo “Tá bom, tá bom! É isso… ao menos rematámos!” enquanto a restante equipa pensa que assim não vai lá. Também é muito utilizado para gajos que se põem com rodriguinhos a mais e tentam fintar a puta da baliza. Foda-se, quem é que os convidou?
“Viste como é que se faz?” - Frase habitual de quem, pela primeira vez e última vez no jogo, fez alguma coisa acertada. Costuma ser sucedida por uma falha de marcação ao nível do Jardel nos primeiros jogos que fez no Benfica. Se alguém lhe disser alguma coisa, reagirá com surpresa e uma leitura completamente diferente do lance, plena daquele olhar de perplexidade que acomete os guarda-redes sempre que dão uma casa monumental, como se o esférico tivesse desafiado as leis da física. Não, tu é que as desafiaste ao entrar no campo.
“É melhor trocar as equipas” - Um dos maiores desafios da masculinidade contemporânea: admitimos que a nossa equipa não vale um caralho, ou seja, que nós somos parcialmente responsáveis por isso? fingimos que não é nada connosco e aceitamos refazer as equipas como se não fôssemos precisamente nós o elo mais fraco? ou será que fomos nós, plenos de condescendência, a sugerir a mudança de equipas, nomeadamente aos 3 minutos de jogo, quando algumas pessoas ainda não tocaram na bola mas já está 4-0? O que acontece a seguir é habitualmente um exercício com muito pouco nexo em que alguém determina quem são o Cristiano Ronaldo e o Messi deste grupo (que sorrateiramente apareceram na mesma equipa e estão neste momento lisonjeados por todo este transtorno que causaram), põe um em cada equipa e distribui os suplentes não utilizados do Tondela - todos os outros seres humanos em campo - pelas duas equipas, na esperança de que resulte. Nisto, perderam-se 10 minutos de aluguer do campo e uma das pessoas aproveitou para ir mijar ou está a fotografar o flare dos holofotes para publicar no Instagram.
Quem é que quer vir à baliza? - A resposta, como sabemos, é simples: ninguém. É por isso que ser-se guarda-redes no futebol amador é visto como um extraordinário gesto de solidariedade (a não ser que seja um daqueles estranhos guarda-redes voluntários que aos 2 terços de jogo pergunta se pode jogar uns minutos à frente como se isto fosse a make-a-wish foundation e acaba por só fazer merda). Mas voltando à pergunta: vejamos então. A pessoa que se encontra neste momento à baliza perguntou pela 4ª vez quem é que o quer substituir. A pouca convicção com que defendeu os remates anteriores indicia que a partir de agora qualquer bola que vá na direcção da baliza será golo. Atingimos uma fase crítica da partida. Não havendo uma alma solidária, os critérios de elegibilidade para próximos-a-ir-à-baliza são os seguintes: os gajos mais recuados estão ali a dar no duro para evitar que alguém remate e apesar de serem os únicos a ouvir a pergunta sentem que seria injusto irem eles à baliza. O gajo que está no meio-campo continua convencido de que é o Pirlo e receia que o sistema de jogo da sua equipa se desmorone assim que tiver de pôr as luvas. Os extremos sentem que vão desperdiçar toda a sua habilidade se tiverem que jogar mais com as mãos do que com os pés. Finalmente, os avançados estão a fingir que não ouvem. Resta esperar pelo inevitável: que o corpo de um dos colegas de equipa acuse a impreparação para qualquer actividade com batimento cardíaco superior a 80 pulsações por minuto. É uma questão de paciência.
“Juro que não lhe toquei!” - É mentira.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O café e o sono A cafeína é inimiga da adenosina, essencial para o cérebro repousar

Sem um café pela manhã, sou indigente, consigo trabalhar pouco, falar o essencial e até raciocinar, mas em câmara lenta. É o primeiro café que me devolve a vontade de viver.
Um estudo recém-publicado na revista Science Translational Medicine mostra que, além das propriedades euforizantes, o café consumido à noite perturba o sono.
Até aí, minha avó sabia. O mérito de Burke e colaboradores, da Universidade de Zurique, foi elucidar os mecanismos moleculares por meio dos quais uma quantidade de cafeína equivalente a dois espressos, interfere com o ciclo circadiano – conjunto de reacções do organismo que se repetem a cada 24 horas – controlador dos períodos de sono e vigília.
A cafeína é antagonista dos receptores da adenosina, substância essencial para que o sono se instale no cérebro.
Existem dois tipos de receptores cerebrais para a adenosina: o primeiro é considerado inibidor de sua ação (portanto, do sono), enquanto o outro é facilitador.
A quantidade média de cafeína ingerida por qualquer um de nós diariamente é suficiente para antagonizar até 50% de ambos os receptores, ação que nos deixa mais alertas, combate a fadiga, prolonga o tempo de vigília e reduz a profundidade do sono.
Como dormir é essencial para a saúde e a qualidade de vida, os ciclos de sono e vigília são regulados por uma sintonia fina existente entre os processos homeostáticos e os circadianos.
A necessidade homeostática de sono acumula-se no decorrer do dia e dissipa-se enquanto dormimos, já o relógio circadiano determina a hora de pegar no sono.
O marcador mais preciso para avaliar a necessidade de sono são as ondas lentas (ondas delta) que aparecem no eletroencefalograma, com frequências de 0,75 a 4,5 hertz. Como a cafeína atenua a atividade dessas ondas e bloqueia os receptores da adenosina, sua influência na homeostasia do sono havia sido sugerida há vários anos. O grupo de Burke investigou se ela também afeta o relógio circadiano.
Usando um protocolo rígido por um período de 49 dias, os autores quantificaram o efeito de 200 miligramas de cafeína, ingeridas três horas antes de ir para a cama, na produção de melatonina, o hormônio que controla o ritmo circadiano de diversos processos, entre os quais o de sono-vigília. Verificaram que a cafeína atrasa 40 minutos no ritmo da melatonina, quase a metade do retardo causado pela exposição à luz brilhante.
Os autores concluem que as alterações provocadas pela cafeína nos mecanismos que regulam o relógio circadiano, podem contribuir para a alta incidência de distúrbios do sono na sociedade moderna. Além disso, a interferência da cafeína com as ondas de baixa frequência tem efeito negativo nas funções cerebrais que dependem da integridade dessas ondas.
Por outro lado, a cafeína pode ajudar a enfrentar o jet lag das viagens intercontinentais e os que sofrem de alguns distúrbios do ciclo circadiano de sono-vigília.
Para conciliar o prazer e as ações benéficas do café com a necessidade de dormir, costumo evitar o cafezinho nas oito horas que precedem o horário de ir para a cama.

O que eu aprendo !!!

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

As medidas acordadas entre PS, BE, PEV e PCP (Programa de Governo PS)

As medidas acordadas entre PS, BE, PEV e PCP (Programa de Governo PS)


Se o acordo quanto à gestão política da governação – indispensável para que um futuro governo do PS com apoio do BE, PEV e PCP possa resistir aos inevitáveis  imprevistos da governação – se vier a juntar ao acordo técnico já definido e consensualizado estas medidas que se seguem (Programa de Governo PS) farão parte da vida quotidiana dos portugueses durante os próximos anos.
Transcrevemos a nota anexa à Proposta de Governo PS (link para a versão completa no sítio da TSF) e que resume as medidas essenciais por áreas temáticas:

” Salários, incluindo salário mínimo, e pensões
1. Será reposta em vigor, em 1 de janeiro de 2016, a norma da lei nº 53-B/2006 de 29 de dezembro, relativa à atualização das pensões, com a garantia de não haver corte no valor nominal das pensões.
2. A reposição do pagamento dos complementos de reforma dos trabalhadores do setor empresarial do estado;
3. Como forma de melhorar os rendimentos das famílias, será gradualmente reduzida até ao limite de 4 pp., sem consequências na formação das pensões, a TSU paga pelos trabalhadores com salário base bruto igual ou inferior a 600€/mensal. A perda de receita decorrente da adoção desta medida será compensada em cada ano com transferência do Estado para a Segurança Social de montante equivalente àquela redução.
4. O Governo proporá em sede de concertação social uma trajetória de aumento do salário mínimo que permita atingir os 600€ em 2019: €530 em 2016; €557 em 2017; €580 em 2018; e €600 em 2019. Esta evolução permitirá ganhos reais do salário mínimo em todos os anos da legislatura, e um aumento real acumulado superior a 10% (tendo em conta a inflação estimada para os próximos anos);
5. A reposição gradual dos salários da Função Pública inicia-se em Janeiro de 2016 (25% no primeiro trimestre; 50% no segundo; 75% no terceiro; 100% no quarto).
Programa de Governo PSEmprego e precariedade
1. Um combate decidido à precariedade, incluindo aos falsos recibos verdes, ao recurso abusivo ao trabalho temporário e ao uso de estágios e de contratos emprego/inserção para substituição de trabalhadores;
2. Não constará do Programa de Governo o regime conciliatório;
3. Reforço dos poderes da Autoridade para as Condições de Trabalho na regularização de falsos recibos e outros vínculos ilegais, com imediata conversão em contratos de trabalho e acesso aos respetivos direitos;
4. A revisão da base de cálculo das contribuições pagas pelos trabalhadores a recibo verde;
Impacto do Programa Governo PS
Fiscalidade direta e indireta
1. Aumento da progressividade do IRS, nomeadamente através do aumento do número de escalões;
2. Eliminação do quociente familiar introduzido no OE de 2015, que tem uma natureza regressiva, e sua substituição por uma dedução por cada filho, sem caráter regressivo e com efeito neutro do ponto de vista fiscal;
3. Introdução de uma cláusula de salvaguarda que limite a 75 euros/ano os aumentos de IMI em reavaliação do imóvel que seja habitação própria permanente de baixo valor;
4. Proibição das execuções fiscais sobre a casa de morada de família relativamente a dívidas de valor inferior ao valor do bem executado e suspensão da penhora da casa de morada de família nos restantes casos;
5. Revisão de valores desproporcionados de coimas e juros por incumprimento de obrigações tributárias e introdução de mecanismos de cúmulo máximo nas coimas aplicadas por contraordenações praticadas por pessoas singulares, designadamente por incumprimento de obrigações declarativas;
6. Agilizar as situações e condições em que pode ser negociado e aceite um plano de pagamentos por dívidas fiscais e tributárias e à Segurança Social.
7. Redução do IVA da restauração para 13%;
8. Reverter, no que toca à recente reforma do IRC, a “participation exemption” (regressando ao mínimo de 10% de participação social) e o prazo para reporte de prejuízos fiscais (reduzindo dos 12 para 5 anos);
9. Criar um sistema de incentivos à instalação de empresas e ao aumento da produção nos territórios fronteiriços, designadamente através de um benefício fiscal, em IRC, modulado pela distribuição regional do emprego;
10. O alargamento do sistema de estímulos fiscais às PME em sede de IRC;
11. Redesenhar a tarifa social no sentido de a tornar automática para agregados familiares de baixos recursos e beneficiários de prestações sociais sujeitas a condição de recursos; no caso dos consumidores que, não auferindo prestações com a natureza anterior, se encontrem em situação vulnerável, a nota de rendimentos emitida pela Autoridade Tributária permitirá o cumprimento dos requisitos para a atribuição da tarifa social; os consumidores que, pelo seu nível de rendimento, estão hoje dispensados de apresentar declaração de rendimentos, deverão passar a fazê-lo para obter a nota de rendimentos da Autoridade Tributária e, dessa forma, aceder à tarifa social; o acesso à tarifa social dá acesso automático ao Apoio Social Extraordinário ao Consumidor de Energia (ASECE);
12. Retirar da fatura da energia elétrica a Contribuição do Audiovisual e incorporá-la no universo das comunicações sem perda de receita para a RTP.
Condições laborais na Administração Pública
1. O fim do regime de requalificação/mobilidade especial;
2. O cumprimento do direito à negociação coletiva na Administração Pública;
Melhoria dos serviços públicos de saúde, educação e ensino superior
1. O reforço da capacidade do SNS pela dotação dos recursos humanos, técnicos e financeiros adequados, para alcançar objetivos concretos de redução do tempo de espera no acesso aos cuidados, assim como para exames e tratamentos, de forma a assegurar cuidados de saúde de qualidade, com segurança e em tempo útil;
2. A redução global do valor das taxas moderadoras;
3. A eliminação das taxas moderadoras de urgência sempre que o utente seja referenciado e a reposição do direito ao transporte de doentes não urgentes de acordo com as condições clínicas e económicas dos utentes do SNS;
4. A garantia, até 2019, do acesso ao ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos;
5. O reforço da Acção Social Escolar directa e indirecta;
6. Criar condições de estabilidade do corpo docente e demais trabalhadores das escolas, quer com a vinculação, quer revogando o regime de requalificação;
7. A redução do número de alunos por turma;
8. A progressiva gratuitidade dos manuais escolares do ensino obrigatório;
9. A promoção da integração de investigadores doutorados em laboratórios e outros organismos públicos e substituição progressiva da atribuição de bolsas pós-doutoramentos por contratos de investigador;
10. Anulação das concessões e privatizações em curso dos transportes coletivos de Lisboa e Porto;
11. Reversão das fusões de empresas de água que tenham sido impostas aos municípios;
12. Reversão do processo de privatização da EGF, com fundamento na respetiva ilegalidade;
13. Nenhuma outra concessão ou privatização;
Sustentabilidade da Segurança Social
1. Não constará do Programa de Governo qualquer redução da TSU das entidades empregadoras;
2. A necessidade de diversificação das fontes de financiamento da Segurança Social deve ser objeto de negociação em sede de concertação social, comprometendo-se os partidos signatários a trabalhar em conjunto na proposta a apresentar pelo Governo ao Conselho Económico e Social;
3. A reavaliação das reduções e isenções da TSU;
Questões Ambientais
1. Garantir a não privatização da água. O acesso à água é considerado um direito humano, devendo um novo regime tarifário possuir tarifas sociais que permitam o acesso por todos;
2. Manutenção no sector público dos serviços de água em alta (captação, tratamento e elevação), revertendo o processo de fusões dos sistemas em alta, reformulando os sistemas na sua estrutura e procurando desenvolver novos sistemas de menores dimensões, com menos perdas e gastos energéticos, lançando mão de novas tecnologias que permitam igual qualidade e menores custos;
3. Respeito pelo princípio da autonomia das autarquias na decisão relativa aos sistemas municipais.
4. Incentivar a revisão dos contratos de concessão de primeira geração, procurando que o preço dos serviços da água corresponda a um preço justo;
5. Revisão da Convenção de Albufeira com o objetivo de garantir as exigências ambientais e os interesses nacionais (e.g. caudais mínimos, qualidade da água);
6. Recusa do aumento da tarifa fixa na água para utilização agrícola.
7. Reavaliar o Plano Nacional de Barragens, nomeadamente as barragens cujas obras ainda não iniciaram, como é o caso das barragens da Cascata do Tâmega.
8. Desenvolver um plano estratégico para a mobilidade de passageiros, considerando a generalidade dos modos de transporte e procurando a criação de condições para o desenvolvimento do transporte ferroviário;
9. Garantir a mobilidade das pessoas, tomando medidas urgentes que assegurem serviços de transportes públicos, nomeadamente nas zonas rurais e no interior do país.
10. Aumentar a produção e a produtividade das fileiras florestais através do aumento das áreas de montado de sobro e de azinho e de pinheiro bravo, travando a expansão da área do eucalipto, designadamente através da revogação da Lei que liberaliza a plantação de eucaliptos, criando um novo regime jurídico.
Outros:
São repostos os quatro feriados eliminados na anterior legislatura.
Foi retirada a referência à reforma o sistema eleitoral para a Assembleia da República e à introdução de círculos uninominais.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Está na moda

Está na moda dizer mal da democracia

Infelizmente, muitos dos ataques à democracia encontram fundamento exclusivo na chamada crítica realista; ou seja, nos factos, nos comportamentos e na etiologia das enfermidades de que esta forma de governo padece. Salta à evidência que as democracias são pouco expeditas, lentas, muitas vezes inoperantes, amiúde convivem com a impreparação e o amadorismo, a fulanização e o trepadorismo de gente absolutamente falha de escrúpulos. A democracia, dizem os seus inimigos inteligentes, é um insulto à desigualdade constitutiva das sociedades, é um absurdo pois impede a governação longa e avisada, tem de se render ao apetite das massas e da irracionalidade, é errática, tende a ser confiscada por demagogos e satisfaz-se com a maioria numérica. Lembram os cépticos da democracia que a esta é, em Aristóteles - nesses terríveis libelos anti-democráticos que são os livros III e VII da Política - a degenerescência da Politeia, tal como a oligarquia o é da aristocracia e a tirania da monarquia. A tradição anti-democrática tem uma história longa que se confunde com o mais profundo pensamento filosófico. Na Ética a Nicómano predica-se a justiça como finalidade da política. Se a democracia vive derrancada na busca do benefício para cada um, é, ipso facto, irreconciliável com o bem-comum da Cidade.
Contudo, se forma alguma de governo cumpre as exigências do Estagirita, essa é, contraditoriamente, a democracia. Satisfaz-nos plenamente a abordagem negativa.
- É em democracia que os cidadãos não são privados de cidadania;
- É em democracia que as constituições não são mudadas ao sabor do interesse de quem governa;
É em democracia que o direito prevalece;
- É em democracia que a liberdade e a auto-determinação florescem;
- É em democracia que a felicidade é negociada e alcançada pelo bebate.
A democracia deve, necessariamente, ser limitada, vigiada e fiscalizada, pois a democracia transporta a pulsão totalitária a que Talmon se referia para escândalo dos democratas nas suas Origins of Totalitarian Democracy. Essa democracia messiânica, fundada na crença, comporta-se como uma tirania [benigna], mas não deixa de ser uma tirania. Ora, pelo conselho da história, verifica-se que a única forma bem sucedida de limitação dos abusos e excessos da democracia se radica na aceitação do convívio da democracia com um poder não democrático - isto é, não eleito - mas que lhe lembra aquilo que não é passível de revisão. Isto sempre aconteceu. As mono-arquias nunca existiram, senão na forma degenerada de tirania. As monarquias sempre foram abertas à participação, à representação, à oposição e não houve monarquia pré-moderna que não se submetesse ao voto, à fiscalização e às sanções legal como real.
Hoje, as monarquias ditas constitucionais (constitucionais sempre o foram na forma das constituições históricas que lembravam os limites e as obrigações do Rei) lembram ao transitório aquilo que é permanente. A democracia representa o homem; a monarquia representa a sociedade, a história, a memória que determina e alimenta a vontade dos homens viverem juntos em sociedade. A democracia exprime a volubilidade, o passageiro, o contingente; ou seja, é absolutamente humana e alimenta-se do sonho peregrino da justiça e igualdade para todos. A democracia é um admirável exercício de determinação e só há cidadãos onde estes podem, em concorrência, falar, escrever, opinar, criticar, eleger e legislar. A democracia é ruptura permanente e deve ser, sempre, disjuntiva, como as políticas o devem ser para o Estado não se afundar no ritualismo.
Por seu turno, a monarquia é um contrato longo de estabilidade, o anteparo da Política, o inculcador de comportamentos conjuntivos. Só quem ainda não compreendeu a força moral  que a monarquia insufla na democracia continua a perseverar no erro trágico de a considerar inimiga da soberania popular.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

Financial Times se desculpa e diz que Portugal não vive filme de terror mas uma comédia

“Após termos assistido ao discurso do  presidente Cavaco Silva e da entrevista de Passos Coelho, nós percebemos o engano que tínhamos cometido. Estamos já em campanha eleitoral, na qual eles disseram que o pior já tinha passado.
O pedido de desculpas agradou ao presidente Cavaco Silva e ao primeiro ministro Passos Coelho .
Cavaco já está a estudar para   fazer stand up quando deixar de ser presidente.


Nota Final :
Esta noticia é "Falsa"