domingo, 28 de abril de 2013

Onde está o sonho europeu?


 
Amnésia, recessão, falência das elites, divisões… A Europa livre e solidária, que tanto fez sonhar os povos oprimidos, já não existe e os responsáveis políticos europeus não têm coragem para dizer isso. 

A União Europeia (UE) já não o é, pelo menos tal como a conhecemos. E a questão não é saber o que virá a ser a nova união, mas o motivo pelo qual a Europa que tanto nos fez sonhar já não existe.
A resposta é simples: hoje, todos os pilares que serviram para construir e justificar a existência da União Europeia ruíram.
Em primeiro lugar, a memória da Segunda Guerra Mundial. Há um ano, foram divulgadas as conclusões de um inquérito realizado junto de alunos dos liceus alemães com idades entre os 14 e os 16 anos. Um terço desses jovens não sabia quem foi Hitler e 40% dos inquiridos estavam convencidos de que os direitos do homem eram respeitados da mesma forma por todos os governos alemães desde 1933. Isto não quer de modo algum dizer que exista uma nostalgia do fascismo na Alemanha. Não: quer muito simplesmente dizer que estamos perante uma geração que não tem o mínimo interesse por essa História. Hoje, é uma ilusão continuar a pensar que a legitimidade da UE tem as suas raízes na guerra.

Os europeus perderam a fé no futuro

O segundo elemento que permitiu o advento geopolítico da União é a guerra-fria. Mas esta também já não existe. Hoje, a UE não tem – e não pode ter – um inimigo como a URSS depois de 1949, que possa justificar a sua existência. Em resumo, a evocação da guerra-fria não pode de modo algum ajudar a resolver os problemas de legitimidade da UE.
O terceiro pilar é a prosperidade. A UE continua a ser um espaço rico, muito rico – apesar de isso não ser válido para países como a Bulgária. Em contrapartida, 60% dos europeus pensam que os seus filhos irão viver pior do que eles. Segundo este ponto de vista, o problema não é como vivemos hoje, mas que vida iremos ter no futuro. Portanto, a perspetiva positiva, a fé num futuro melhor, uma poderosa fonte de legitimidade, também desapareceu.
Outra fonte de legitimidade era a convergência – o processo que levou os países pobres que aderem à UE a terem a certeza de que iriam juntar-se progressivamente ao clube dos ricos. Isso ainda era verdadeiro há alguns anos, mas, hoje, se as previsões económicas para os próximos dez anos se confirmarem, um país como a Grécia, em comparação com a Alemanha, continuará a ser tão pobre como no dia em que aderiu à União.

UE comporta-se como um reformado senil

Toda a gente diz que a UE é um projeto elitista. É verdade. Hoje, o problema não é essas elites terem-se tornado antieuropeias, mas o facto de terem perdido qualquer possibilidade de terem peso nos debates nacionais. E o facto de, no fundo, essas elites serem a favor de uma Europa unida deixou de ter qualquer importância, porque ninguém as ouve: essas elites distanciaram-se das pessoas. Se observarmos com atenção os inquéritos sociológicos, veremos que a legitimidade da UE é explicada de formas muito diferentes, consoante nos encontremos no Sul ou no Norte do continente.
Em países como a Alemanha e a Suécia, as pessoas têm confiança na UE, porque também acreditam na boa fé dos seus próprios governos. Em Itália, na Bulgária e na Grécia, as pessoas não confiam nos seus políticos e é por essa razão que acreditam na UE. Qual é a lógica? Apesar de não os conhecerem, os políticos de Bruxelas não podem ser piores que os políticos nacionais. Para dizer a verdade, parece-me que, hoje, até esse sentimento tem tendência a regredir: a última crise é a prova de que essa confiança também foi abalada.
E, para terminar, o último pilar: o Estado social. Não há dúvida de que a existência do Estado social é parte integrante da identidade da UE. No entanto, neste momento, a questão já não é saber se esse Estado social é uma coisa boa ou má, mas se continua a ser viável, numa situação não apenas de concorrência mundial, mas também de uma mudança demográfica de peso na Europa. O problema é que nós, os europeus, estamos a desaparecer. Em 2060, 12% da população da UE terá mais de 80 anos. A Europa está a envelhecer. E não é por acaso que, às vezes, a União se comporta como um reformado senil, na cena internacional. Onde ir buscar o dinheiro para manter vivo esse Estado social indispensável para as pessoas idosas? Às gerações futuras? Acontece que isso já foi feito com a acumulação da dívida pública…

O “nós” europeu ainda por definir

Outra consequência da crise: as novas divisões existentes no continente. No seio da UE, a separação entre Ocidente e Leste já não existe, mas surgiram outras cisões muito mais importantes. A primeira é a existente entre os países da zona euro e os outros. Muitas vezes, quando falam da UE, os franceses, os alemães ou os espanhóis estão realmente a pensar na zona euro. Mas essa divisão não será pertinente, enquanto países de grande importância estratégica como a Suécia, a Polónia e o Reino Unido continuarem fora da zona. A outra divisão de peso é a existente entre países credores e países devedores. Quando a Grécia quis organizar um referendo sobre o resgate do país, a Alemanha apresentou a seguinte objeção: “No fundo, vocês querem fazer um referendo sobre o nosso dinheiro!” Este reparo não é completamente ilegítimo… Nenhum país deve tornar-se refém da zona euro. Acontece que é esse o problema, quando se tem uma moeda comum mas não uma política comum.
Como sair da crise? Se observarmos mais de perto a UE, perceberemos que alguns países estão em crise e outros não – ou são menos afetados por ela. Por outro lado, em alguns casos, a crise teve igualmente efeitos benéficos sobre determinadas práticas. Segundo este ponto de vista, o principal problema de qualquer política é o de criar ganhadores e perdedores – mas isso é coisa que os políticos se abstêm de nos dizer. Não se trata tanto do problema em si: sempre houve perdedores e ganhadores e a questão reside em saber como dar compensações a uns e explicar aos outros que é do seu interesse pôr em prática esta ou aquela política.
Nós ainda pensamos que há políticas que só criam ganhadores. No estado atual da UE, essa ideia continua a ser um desejo piedoso, porque o esquema natural de solidariedade que existe no Estado nacional ainda não existe à escala da União. Além disso, os países da UE não têm todos a mesma história nem a mesma língua. De que está a falar-se, quando se diz “nós” no plano europeu? Para a UE começar a funcionar de uma forma correta, é absolutamente indispensável definir previamente o que é esse “nós” europeu.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crise da zona euro

 Europa deve aprender com a América Latina


A crise da dívida deixa a zona euro numa situação idêntica à que a América Latina conheceu na década de 1990. Para uma solução mais rápida, os europeus deviam tirar ilações dos erros cometidos nesta época

Prometer a um país austeridade quase perpétua não funciona

Além disso – e isto é muito importante – inclui cortes na despesa pública e austeridade mas, também, uma distribuição justa dos custos do ajustamento económico entre os diferentes grupos sociais, o reforço das redes de segurança social para os mais vulneráveis, reformas estruturais capazes de gerar mais emprego e, sobretudo, esperança num futuro melhor.
Lamentavelmente, a tentação de evitar um pacote amplo e coerente é tão forte como o efeito salutar deste. Na América Latina, o erro mais recorrente foi tentar resolver a crise com medidas parciais e fragmentadas e pensar que é possível adiar indefinidamente as decisões mais impopulares. É isso que tem estado a passar-se na Europa.
Basta ver o que está a acontecer em Itália ou na Grécia para reconhecermos a experiência da Argentina, por exemplo. Contudo, mais cedo ou mais tarde, a realidade impõe-se e as medidas parciais fracassam. Isto abre caminho para a realização de esforços simultâneos nas áreas afetadas da economia: dívida excessiva e despesa pública descontrolada, bancos pouco capitalizados e mal regulamentados, políticas orçamentais e monetárias descoordenadas, baixa competitividade internacional e leis que inibem o investimento e a criação de emprego.
Atacar um ou vários destes males, sem tocar nos restantes não funciona. E prometer a um país austeridade quase perpétua para pagar as dívidas ao estrangeiro também não.

Europa pode aprender com os nossos erros e correções

Quando afirmam depreciativamente que a Europa está a ficar parecida com a América Latina, os críticos que fazem tal observação têm em mente a América Latina do passado, a que sofreu crises económicas em série. Mas há outra maneira de encarar a questão: o melhor que poderia acontecer à Europa era ficar parecida com a América Latina de hoje.
A que soube navegar por entre a crise mundial sem perder o rumo, que gere as suas finanças públicas com prudência e sabe regulamentar a banca. Nos últimos anos, os melhores países da região – o Brasil, o Chile e a Colômbia, entre outros – têm crescido, criado emprego e ampliado a sua classe média.
Além disso, e para surpresa de muitos, "a América Latina tem hoje o sistema financeiro mais sólido do mundo", segundo afirma José Juan Ruiz, economista do Banco Santander e atento observador da situação financeira mundial.
Não se trata de a Europa estar a caminhar para a pobreza, a desigualdade, a corrupção e a violência tão comuns na América Latina. Trata-se de a Europa aprender com os erros e as correções de uma região que sabe mais do qualquer outra sobre crises económicas, colapsos bancários, choques externos e efeitos de gastos descontrolados, forte endividamento e promessas vãs do populismo.
Oxalá a Europa consiga gerir a sua crise, como a nova América Latina aprendeu a fazê-lo. Neste sentido, falar de latino-americanização da Europa é um bom desejo.

O FIM DA AUSTERIDADE

“A austeridade “não está a funcionar” e pode ser substituída por uma política de flexibilidade quantitativa, isto é, de impressão de dinheiro , na sequência das declarações do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
Resumindo os pontos-chave do discurso feito por Barroso, em Bruxelas, a 22 de abril,
O Presidente da Comissão deu, até agora, o mais forte sinal de que a política europeia de corte de despesas e aumento de impostos poderá ser suavizada num esforço para alavancar o crescimento económico.
Barroso apareceu para mudar o rumo, dizendo que a UE se deve concentrar no estímulo do crescimento e não nos cortes de despesa. e acrescentou que a austeridade “chegou ao limite”.



quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uma Tragedia Social


A tragédia social gerada pela democracia


A democracia pode até ter começado com o grande ideal para conceder poder às pessoas; porém, depois de 150 anos de prática, os resultados estão aí e eles não são positivos. Está mais do que claro que a democracia está mais para um arranjo tirânico do que para uma força libertadora. As democracias ocidentais estão seguindo o mesmo caminho já percorrido pelos países socialistas e, como era inevitável, se tornaram estagnadas, corruptas, opressoras e burocratizadas. Isto não aconteceu porque o ideal democrático foi subvertido, mas sim, e ao contrário, porque esta é exatamente a natureza inerente ao ideal democrático. Trata-se de uma natureza coletivista.

Se quer saber como a democracia realmente funciona, considere este exemplo. George Papandreou, o político grego socialista, ganhou as eleições em  na Grecia em 2009, com um slogan simples: "Há dinheiro!" Seus oponentes conservadores tinham reduzido os salários dos funcionários públicos e outras despesas públicas. Papandreou disse que isso não era necessário. "Lefta yparchoun" era seu grito de guerra — há dinheiro. Ele ganhou as eleições sem problemas. Na realidade, não havia dinheiro nenhum, é claro — ou melhor, o dinheiro teve de ser fornecido pelos pagadores de impostos de outros países da União Europeia. Mas, na democracia, a maioria está sempre certa e, quando tal maioria descobre que pode, por meio do voto, confiscar a riqueza alheia para si própria, ela inevitavelmente fará isso. Esperar que não o faça seria ingenuidade.
O que o exemplo grego mostra também é que as pessoas em democracia naturalmente se voltam para o estado para que este cuide delas. Governo democrático significa ser governado pelo estado. Como resultado, as pessoas irão sempre fazer exigências ao estado. Elas irão tornar-se cada vez mais dependentes do governo, para resolver seus problemas e orientar suas vidas. Qualquer problema que elas encontrem, estas vao esperar que o governo os corrija. Obesidade, abuso de drogas, desemprego, falta de professores ou enfermeiros, uma queda no número de visitas a museus, o que seja — o estado está lá para fazer algo que resolva isso.
Aconteça o que acontecer — um incêndio em um teatro, um acidente de avião, uma zaragata num bar —, nós esperamos que o governo vá atrás dos culpados e garanta que nada semelhante aconteça novamente. Se as pessoas estão desempregadas, nós esperamos que o governo 'crie empregos'. Se os preços da gasolina sobem, nós queremos que o governo faça algo sobre isso. No Youtube, há um vídeo de uma entrevista com uma mulher que acabou de ouvir um discurso do presidente Obama. Quase a chorar de alegria e emoção, ela exclama: "Eu não terei de me preocupar mais com o pagamento da gasolina para o meu carro ou da minha hipoteca". Esse é o tipo de mentalidade que a democracia cria.
E os políticos estão sempre dispostos a fornecer o que as pessoas exigem deles. Eles são como o homem daquele provérbio: para quem tem apenas um martelo, tudo se parece com um prego. Para cada problema da sociedade, eles se veem como os únicos capazes de solucionar esses problemas. Afinal, é para isso que foram eleitos. Eles prometem que irão 'criar empregos', reduzir as taxas de juros, aumentar o poder de compra das pessoas, fazer com que a aquisição de casas seja acessível até para os mais pobres, melhorar a educação, construir parques infantis e campos desportivos para os nossos filhos, se certificar de que todos os produtos e locais de trabalho são seguros, fornecer serviços de saúde de qualidade e acessíveis para todos, acabar com os engarrafamentos, varrer a criminalidade das ruas, livrar os bairros de vandalismo, defender os interesses 'nacionais' perante o resto do mundo, promover a emancipação e lutar contra a discriminação em todos os lugares, verificar se os alimentos são seguros e se a água é limpa, 'salvar o clima', tornar o país o mais limpo, o mais verde e o mais inovador do mundo e banir a fome da face da terra.
Eles deverão realizar todos os nossos sonhos e exigências, cuidar de nós desde o berço até o túmulo, e  certificar-se  de que estamos felizes e contentes desde o início da manhã até o final da noite — e, claro, que tudo farão sem elevar os gastos e ainda reduzir os impostos.

Nao sei se deram conta mas nunca mencionei o nome de Portugal , estamos assim tao diferentes?





quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um dia a classe média vai sublevar-se

Ao contrário do que dizem as ideias preconcebidas, no Ocidente, não são os pobres e os desgraçados que fazem as revoluções e, sim, as classes médias. Foi assim em todas as revoluções, a começar pela Revolução Francesa, e à exceção da Revolução de outubro, que foi um golpe de Estado levado a cabo numa situação de desordem política extrema.


Quando é que a classe média se decide a desencadear a revolução? Em primeiro lugar, não se trata do conjunto da classe média, nem sequer de um grupo organizado e, menos ainda, de uma comunidade, mas antes dos líderes da classe média, aqueles que hoje ganham as eleições na Europa e que são acolhidos como irresponsáveis (porque não pertencem à geriátrica classe política tradicional), mas que, de súbito, se revelam não apenas como muito populares mas também espantosamente eficazes.

Cidadãos de segunda categoria

No caso clássico da Revolução Francesa, o papel de vanguarda revolucionária foi desempenhado por advogados, empresários, funcionários da administração pública da época e por uma parte dos oficiais do exército. O fator económico foi importante, mas não fundamental. Os elementos que desencadearam o movimento revolucionário foram, sobretudo, a falta de abertura na vida pública e a impossibilidade de promoção social. Quando tentou, a todo o custo, limitar a influência dos advogados e dos homens de negócios, a aristocracia incitou à revolução. Em toda a Europa, à exceção da sensata Inglaterra, a nova classe média, composta por cidadãos de segunda categoria, não tinha condições para decidir o seu próprio destino.

O que se passa hoje em termos de discriminação? É, simultaneamente, diferente e semelhante. É verdade que a aristocracia já não detém o monopólio da tomada de decisões, mas os banqueiros, os especuladores bolsistas e os gestores, que ganham centenas de milhões de euros, afastam habilmente a classe média do processo de decisão, apesar de ser esta a sofrer as graves consequências desse mesmo processo. Chipre é o exemplo mais recente dessa estratégia e muito significativo.

O domínio dos mais velhos

Mas há muitos outros exemplos. Veja-se o caso dos professores universitários, que não só na Polónia como em toda a Europa, temem pelos seus empregos, em especial quando têm a infelicidade de ensinar matérias declaradas como pouco úteis pela União Europeia, pelos Estados-membros e pelas multinacionais, que ditam as regras do mercado de trabalho.

Na Eslováquia, por exemplo, as ciências humanas foram praticamente esmagadas, de modo que os especialistas de História, Gramática, Etnografia ou Lógica têm motivo para sérias preocupações. Dentro de pouco tempo, seguir-se-ão outras categorias profissionais. É o caso dos funcionários públicos, cujo número explodiu literalmente no passado. Será culpa deles? Claro que não. E o que pode fazer um funcionário despedido, com 15 anos de serviço e que sempre viveu em situação de segurança de emprego? Provavelmente, nada. O mesmo se passa com os jovens licenciados, deixados na beira da estrada do mercado de trabalho, bem como os artistas, os jornalistas e outras profissões fragilizadas pelo setor digital.

As revoluções emergem em situações de exclusão, profissional e da tomada de decisões, e de défice democrático. Erguem-se também contra a barreira das gerações ou, muito simplesmente, contra o domínio dos velhos.

Não terá por certo sido por acaso que os dirigentes da Revolução Francesa tinham cerca de 30 anos, enquanto a média de idades dos decisores presentes no Congresso de Viena (1815), que restabeleceu a ordem conservadora na Europa, era de mais de 60 anos. Os atuais dirigentes europeus têm, na sua maioria, entre 50 e 60 anos, mas, tendo em conta os progressos da medicina, é bem provável que, dentro de 20 anos, a Sra. Merkel e os Srs. Cameron, Tusk e Hollande ainda estejam no ativo. A menos que sejam varridos pela revolução.

O grito da revolução

Todas as vias de progresso da atual classe média, maioritariamente jovem, estão bloqueadas por milionários, por velhos ou por aqueles que parecem velhos aos olhos de uma pessoa de 25 anos. É uma situação explosiva. É um erro pensar que os jovens encolerizados contra o sistema, mas que não dominam a linguagem habitual dos partidos políticos e dos movimentos políticos estruturados, não irão chegar à revolta organizada. No entanto, nunca se fez uma revolução em nome de uma medida específica, por exemplo, uma supervisão bancária mais rigorosa, mas fez-se em nome de não continuar a ser possível viver assim. Uma revolução, em oposição total com os métodos dos partidos políticos, não utiliza linguagem política. A revolução grita e berra. O som revolucionário é por natureza desordenado mas quase sempre bem audível.

Então, queremos ou não queremos uma revolução? Em meu entender, provavelmente não, porque revolução significa a destruição total, antes da construção de uma nova ordem. Dito isto, os nossos responsáveis políticos continuam sem perceber que estão sentados em cima de um barril de pólvora. Não percebem, pois estão demasiado absorvidos pela ideia que os obceca: regressar ao estado de estabilidade de há dez ou trinta anos. Não sabem que, na História, não se volta atrás e que as suas intenções fazem lembrar a apropriada frase atribuída a Karl Marx: a História repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.



sexta-feira, 5 de abril de 2013

AS INTOLERAVEIS BONIFICAÇOES

Após os chocantes financiamentos de resgates de bancos europeus que não conseguiram desencadear o crescimento económico, um novo espírito está a varrer o continente. A maré virou-se contra os excessos dos executivos. A opinião pública quer vingança e os banqueiros só se podem recriminar a si mesmos.
Os trabalahdores estão a começar a revoltar-se por toda a Europa. Querem a cabeça dos banqueiros e estão dispostos a consegui-la. Até agora, a resposta popular à crise financeira tem sido de perplexidade geral e brandura nos castigos exigidos. Os bancos convenceram as populações de que foi tudo um azar do destino. Por outro lado, são grandes de mais para falir e os seus dirigentes bons de mais para pagar pelos prejuízos.
Os tempos agora estão a mudar. Os bancos e os Governos não conseguiram, nem uns nem outros, a recuperação económica. O povo quer vingança e teve-a – paradoxalmente – no Parlamento Europeu. Ali, foi determinado que os banqueiros da UE não podem receber bonificações superiores aos respetivos salários, ou duas vezes maiores, desde que os acionistas aprovem. Isto aplica-se a qualquer banco de qualquer território da UE e aos bancos de fora da União que trabalhem no seu território.







quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Europa está demasiado lenta e dividida

Europa demasiado lenta e dividida


Nós precisamos de decisões e soluções enérgicas, a nível europeu, para problemas que não somos capazes de resolver sozinhos,mas tambem queremos ser ouvidos e preservar a nossa especificidade nacional,  por issso ja todos achamos que  a Europa é demasiado lenta e está profundamente dividida.
Se queremos dinamismo, eficiência e soluções claras, temos de optar pela centralização, a despolitização e regras vinculativas unívocas, ou seja, um Presidente da Comissão que não abra exceções para ninguém.
E voltamos à questão essencial, na raiz de toda a política, seja local, nacional ou europeia. A combinação certa de valores essenciais que nem sempre são compatíveis, tais como a democracia e a eficiência, ou a igualdade e a autonomia. O problema clássico da administração pública: qual o grau necessário de centralização do poder para agir de forma eficaz e quantos travões e contrapesos utilizar para garantir o apoio das populações?
Neste caso, um debate político entre partidários e críticos dos Estados Unidos da Europa não serve para nada. Em compensação, poderia ser útil explicitar os mecanismos europeus de decisão. O debate público deveria centrar-se nesse equilíbrio, para a Europa avançar de uma forma sustentada. Se os políticos estiverem dispostos a abrir campo para esse debate, entao ainda de pode mudar o trajeto

AG

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Tempo e as Palavras

O tempo está feio lá fora e sinto que hoje eu poderia escrever para sempre. Não sei porque, mas acordei com uma ousadia absurda de dizer um disparate ,A  verdade é só uma: sou contra a censura e isso me faz muito  bem. Não quero nada que soe a bonito, não quero nada que precise de revisão, não quero nada que mostre apenas um foco de visão: quero escrever sem ter um  fim, quero escrever sem ter um motivo, quero inventar por inventar e isso basta-me.  As palavras são a minha companhia e não tenho preconceitos: frases feias ou bonitas, de qualquer raça, cor, crença, fonte e tamanho, quero-as todas aqui. Porque o tempo lá fora está feio e, por aqui, apesar do frio, tudo está bonito.  . O céu parece mais claro e até o cinza me traz um tom diferente: é só uma nova maneira de ver ou de sentir. 

Codigo de Barras



“O que destrói a Europa”

 Continuam as más noticias na Europa , acabaram de ser publicados os resultados de fevereiro da taxa de desemprego na zona euro, esta atingiu 12% da população ativa, um novo recorde. Mais de 19 milhões de homens e mulheres estão desempregados. São mais de 26 milhões no conjunto da UE.

A “extrema clivagem” entre o Norte e o Sul da Europa: enquanto a Áustria (4,8% de desemprego), a Alemanha (5,4%) e o Luxemburgo (5,5%) apresentam taxas muito baixas, a Grécia e a Espanha estão no topo da lista com mais de 26%, seguidos de Portugal (17,5%). Os jovens europeus são os mais atingidos: mais de metade dos espanhóis e dos gregos com menos de 25 anos não tem emprego.
Estes números só demonstram que “são os alemães que vão decidir se o euro sobrevive ou não.
Nota-se que a Alemanha não está à altura das suas responsabilidades. Em vez de ajudar os países do Sul, mergulha-os na pobreza , mantendo-se de pedra.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Vídeos favoritos (lista de reprodução)

Rainbow Docs : Abraham Lincoln

Rainbow Docs : Abraham Lincoln:  "Baseado no livro “Team of Rivals: The Genius of Abraham Lincoln”, de Doris Kearns Goodwin, o filme se passa durante a Guerra Civ...

A Europa caracteriza-se pela a crise”

Finanças degradadas, sociedades desestabilizadas, projeto comunitário enfraquecido: o mal-estar que afeta a UE há vários anos é multifacetado. Agora que, no regresso das férias, decisões importantes esperam os dirigentes e os cidadãos europeus, 

Há 60 anos, que a Comunidade Europeia tem andado quase sempre a tropeçar de crise em crise. As recaídas fazem parte do seu funcionamento normal.
A era moderna europeia é caracterizada por um sentimento de crise. Daí, poder tirar-se a conclusão geral de que a Europa não é realmente um estado ou uma comunidade, no sentido nacional, que cresce em conjunto organicamente. Também não pode ser comparada com as antigas cidades-Estado gregas, que, apesar das diferenças e rivalidades, formavam uma única unidade cultural.
Os países europeus também estão vinculados por aspetos culturais partilhados. Existe algo a que se possa chamar espírito europeu?
As nações europeias não são iguais e é por isso que não podem ser misturadas. O que as une não é uma comunidade, mas um modelo de sociedade. Há uma civilização europeia e uma forma ocidental de pensar.
Quais as suas características?
Dos gregos – de Sócrates a Platão e a Aristóteles –, a filosofia ocidental herdou dois princípios fundamentais: o homem não é a medida de todas as coisas; e não é imune ao fracasso e ao mal. No entanto, é responsável por si mesmo e por tudo o que faz ou evita fazer. A aventura da Humanidade é uma criação humana ininterrupta. Deus não participa nela.
Falibilidade e liberdade. Mas esses aspetos fundamentais da história intelectual europeia bastam para criar uma união política permanente?
A Europa nunca foi uma entidade nacional, nem mesmo na Idade Média cristã. A cristandade permaneceu sempre dividida – a romana, a grega e depois a protestante. Um Estado federal europeu ou uma confederação europeia é um objetivo distante, congelado na abstração do termo. Considero que persegui-lo é um objetivo errado.
Estará a União Europeia a correr atrás de uma utopia, tanto em termos políticos como históricos?
Os fundadores da UE gostavam de invocar o mito carolíngio, e até deram a um prémio da UE o nome de Carlos Magno. Mas, na verdade, os netos dele acabaram por dividir o império. A Europa é uma unidade na divisão ou uma divisão na unidade. Porém, independentemente da maneira como se encare, não é, claramente, uma comunidade em termos de religião, língua ou moral.
E no entanto, subsiste. O que o leva isso a concluir?
A crise da União Europeia é um sintoma da sua civilização. Não se define com base numa identidade própria, mas na sua alteridade. A civilização não é necessariamente baseada num desejo comum de alcançar o melhor, mas antes na exclusão do mal e em torná-lo tabu. Em termos históricos, a União Europeia é uma reação defensiva ao horror.